TJC promove peça de teatro e aula de história para alunos da rede pública
11 de agosto de 2016
Alunos do colégio estadual Alípio Franca, localizado na Avenida Dendezeiros, na Cidade Baixa, tiveram uma experiência educacional rica e diferente na noite desta quarta-feira, 10. Eles assistiram a encenação de uma peça que narra um fato histórico ocorrido no Brasil nos anos 1930 e depois tiveram a oportunidade de aprofundar o tema com dois professores e com os próprios atores que participaram do espetáculo. O evento integra uma ação do programa Trabalho, Justiça e Cidadania (TJC), iniciativa da magistratura trabalhista que leva noções básicas de direitos fundamentais e de cidadania para alunos de escolas públicas. 

O espetáculo aconteceu no Teatro Gregório de Mattos, em Salvador, e participaram cerca de 80 alunos. A peça, intitulada Curral Grande, tem o texto do premiado autor cearense Marcos Barbosa e mostra a existência de campos de concentração criados pelo governo do Ceará, no período das Grandes Secas de 1932, para confinar os flagelados. O episódio, pouco conhecido da população, é levado ao palco pelos atores Bruna Scavuzzi, Brisa Rodrigues, Carlos Darzé e Lucas Lacerda, que integram o coletivo Ponto Zero. A peça está em cartaz desde 2014, no Rio de Janeiro, e chega agora a Salvador. Transitando entre o humor e o drama, Curral Grande traz aspectos do imaginário sertanejo, com os atores interpretando personagens da cultura nordestina.  

O aluno Lucas Menezes, do segundo ano do Colégio Alípio Franca, saiu impressionado com o espetáculo. Ele disse que não conhecia o episódio retratado e que a peça conseguiu, com criatividade, retratar bem a atmosfera da época e trazer à tona a discussão sobre a higienização social. 

Aulas de História e Filosofia

Depois da peça, os alunos se reuniram no foyer do teatro e assistiram a uma aula do professor de História Zé Carlos, que traçou um panorama da época, citando as secas de 1877, 1915 e 1932. Segundo ele, no final do século XIX, surgiram teorias de que era preciso promover uma higienização social no país, inspirado no modelo europeu de uma cidade limpa, com grandes avenidas e ruas largas, como em Paris.

Essa ideia se estendeu para o campo social, com a criação do “Curral do Governo”, uma forma de isolar os pobres e não contaminar os ricos. O professor mostrou que em apenas um campo de concentração, no Ceará, morreram mais de mil pessoas em um ano.

Depois foi a vez da presidente da Amatra5, Rosemeire Fernandes, falar aos alunos, explicando a metodologia do TJC e lembrando que a defesa das conquistas dos trabalhadores deve envolver a todos, inclusive os estudantes, que futuramente estarão no mercado. “Precisamos ficar atentos para que direitos obtidos com tanta luta não sejam violados”, disse a magistrada. 

Na sequência, a professora Olenêva Sanches fez uma abordagem mais filosófica da questão, citando o educador Paulo Freire e destacando a importância da ética para a construção da cidadania.

Depois foi aberto um debate, no qual os alunos fizeram perguntas aos atores sobre detalhes da peça. Como mensagem final, a atriz Bruna Scavuzzi disse aos alunos que as conquistas não caem do céu e que é preciso lutar para alcançar os objetivos, como fez o Coletivo Ponto Zero, um grupo formado por alunos da Escola de Teatro da UFBA que se reuniu para montar o espetáculo.

TJC tem mais de 10 anos

O Programa Trabalho, Justiça e Cidadania é uma iniciativa da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), executada nos Estados pelas Amatras. Na Bahia, a Amatra5 aplica o programa desde a sua criação, há mais de 10 anos.

O TJC funciona com a participação efetiva de magistrados da Justiça do Trabalho, advogados e professores, que levam noções básicas de direitos fundamentais, do trabalho, da criança e do adolescente e do consumidor, além de ética e cidadania.

O público-alvo é formado por estudantes do ensino fundamental e médio, em especial aqueles que estão se preparando para entrar no mercado de trabalho, além de estudantes dos cursos profissionalizantes, de Escolas de Jovens e Adultos (Ejas).

Além das aulas, os alunos visitam o Fórum trabalhista, assistem a audiências, tiram dúvidas com os magistrados e apresentam um trabalho final (chamado de culminância), no qual mostram, de forma lúdica, o que aprenderam em sala de aula.

O TJC já foi reconhecido pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) como uma boa prática de combate ao trabalho infantil.
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